sábado, 2 de maio de 2020

VIDEO da História de Fordlândia, reportagem da TV Tapajorá.




Em 1876 , um botânico inglês erradicado em Santarém
consegue contrabandear 70.000 mudas de “Haveas
Brasilienses” para os Reais Jardins Botânicos de Londres,
onde mais tarde foram transformadas geneticamente nas
mudas plantadas na Asia e na Europa, acabando assim
com a hegemonia Brasileira no comércio mundial de
Látex que até então vivia uma época de ouro no Brasil.
Começa aqui a formação de um cartel inglês de produtores
de Látex que alguns anos depois já em plena produção
manipulariam preços e condições ao mercado
americano  representando uma pedra no sapato de Henry Ford,
Firestonee outros produtores americanos que utilizavam cada
vez mais borracha em seus processos de produção industrial.

HISTÓRIA DA AVIAÇÃO NOS ANOS 1980

 

Por Luiz Berto, "Se eu lhe perguntasse qual aeroporto brasileiro nos anos 80 ficou em terceiro lugar no mundo, em número de pousos e decolagens, você certamente iria chutar um dos grandes de São Paulo (Guarulhos ou Cumbica) ou do Rio de Janeiro (Santos Dumont ou Galeão), correto? Errado, estes ficaram longe desta posição. Este aeroporto que eu falo não está nem em uma capital de estado ou outra grande cidade, e sim em Itaituba, cidade no interior do Pará na margem esquerda do Rio Tapajós no meio da Floresta Amazônica, longe de tudo. Com uma malha rodoviária mínima, o transporte aéreo concorria apenas com o fluvial, muito lento. Nesta época o aeroporto registrava 400 pousos e decolagens diárias durante o dia, já que o equipamento não tinha sinalização para operações noturnas, para se ter uma noção deste número, em 2017, o aeroporto de Guarulhos, o mais movimentado do Brasil, registrou uma média de 750 operações, menos do dobro que ITB (código do aeroporto de Itaituba) registrou 30 anos antes. Naquela época, o ITB foi primeiríssimo lugar mundial em número de pousos e decolagens de aeronaves monomotoras, esta marca nenhum outro se aproximou até hoje, nem mesmo o próprio".
1. Fila de aeronaves aguardando a vez para decolar; 2.Tráfego de veículos e pessoas na pista; 3. Decolagem em um garimpo
Itaituba fica em uma região do Pará com poucas estradas e com centenas de pequenos garimpos espalhados pela mata, a procura por voos para este deslocamento era grande. O movimento de taxis-aéreos e aviões clandestinos era de domingo a domingo, 12 a 13 horas por dia. O preço da passagem era calculado de acordo com o peso, somava-se o peso do passageiro com a sua bagagem, em uma balança daquelas de pesar cereais. A bagagem incluía roupas, ferramentas e outros utensílios dos garimpeiros e era conhecido na aviação local como “borroca”. As pequenas aeronaves tinham apenas as poltronas da frente, as demais eram retiradas para caber mais bagagens e pessoas, era um pau-de-arara voador. O preço variava de acordo com a distância, e quanto mais distante, menos peso o avião cabia, pois tinha que transportar mais combustível para a volta, o que encarecia mais ainda a passagem. Para aumentar o lucro, os pilotos colocavam excesso de peso e os acidentes se multiplicavam. Esses aviões não tinham ar-condicionado, e no calor da Amazônia, o controle da temperatura interna era feito tirando ou colocando a camisa. Ao chegarem nos garimpos, o pouso tinha que ser feito na primeira tentativa, pois a especificação da aeronave não incluía arremetida com aquelas quantidade de peso.
1. Pilotos e uma aeronave na pista; 2. Avião decolando de ITB; 3. Piloto mostrando o interior de um monomotor.
Numa época com pouca exigência e fiscalização de aviões, um aeroporto distante dos grandes centros e dos órgãos fiscalizadores era um verdadeiro caos, o controle era feito pelos próprios pilotos na hora da aproximação, mas com o número de aeronaves prontas para pousar ou decolar, o risco de acidente era grande. Imagina como ficava congestionada a frequência de rádio 125.80 mhz usada por eles. Em 1983 um Cessna pousou sobre outro Cessna, ninguém saiu ferido. Os acidentes eram normais, muitos voos decolavam e não retornavam para Itaituba, a selva era um cemitério de pilotos e passageiros mortos em acidentes, outros conseguiam ser resgatados. Muitos dos pilotos não tinham nem brevê, que é a licença para voar. Há relatos de pilotos menores de idade e outros que não conseguiam tirar a licença para voar por não saberem ler, em Itaituba tinha empregos para todos.
1. Duas aeronaves Cessna pousadas uma sobre a outra; 2. Avião da MAP no novo ITB; 3. Venda de passagem pela internet
Hoje o aeroporto de Itaituba está muito diferente, tem voos regulares para Belém, Manaus, Altamira e Parintins através das aeronaves ATRs da empresa MAP, mas a presença marcante na pista de decolagem ainda é dos pequenos aviões monomotores, transportando garimpeiros, prostitutas e comerciantes, que embarcam em um terminal climatizado, com lojas e praça de alimentação. Ganhou em conforto, mas perdeu o glamour de ser o terceiro aeroporto mais movimentado do planeta.