Contar a História da Catedral de Santana aos itaitubenses é ir muito além de reproduzir os fatos históricos de um patrimônio arquitetônico de valor inquestionável para seu povo. As reações de sua gente, de seus visitantes e de quem nela exerce sua missão, formam um turbilhão de emoções. Já na chegada de quem desembarca pelo rio ou de quem chega pelos ares, os sentimentos se intensificam ao avistar o majestoso prédio. Muitos ritos marcantes e rituais religiosos são exercidos em seu interior seja na alegria ou na tristeza, nossa Catedral exerce majestosamente seu papel de agregadora de sonhos e emoções.
Por marcar a história da colonização e evangelização do povo itaitubense, a Igreja se tornou um dos pontos turísticos religiosos e representante principal do Patrimônio Histórico Itaitubense. Atualmente, os eventos dos estudantes locais, independente de suas crenças católicas ou não, sempre possuem imagens feitas em frente ou até dentro mesmo do prédio.
Muitas histórias e historietas brotam da imaginação de quem viveu e vive a décadas na cidade. Desde os tempos que antecederam a Revolta de Veloso até os dias atuais, a Catedral de Santana traz em si um roteiro de aventuras. Impossível contar a História de Itaituba sem perpassar pela trajetória da Igreja de Santana (que, outrora já foi " Conceição") e de quem marcou seu enredo.
Quantas famílias participantes de sua construção e reformas. Ainda vivem os descendentes das matriarcas e patriarcas que lutaram incansavelmente dia e noite por suas estruturas que o digam as famílias Macedos, Couto, Lima, Bemerguy , Silva, Oliveira, Assunção, Mendonça, Costa, Bilbi, Queiroz, Oliveira, Nascimento, Gomes, Vianna.... e outras tantas que cravaram seu nome em cada tijolo e alicerce de Santana.
Até hoje, o simples olhar por uma janela de uma casa, de um barco que se afasta ou de quem sobrevoa o prédio provoca uma certa nostalgia e alegria (ou nem tanto) em cidadãos e cidadãs de idades diferentes.
Neste contexto de importante e necessário registro histórico, o Museu Municipal Aracy Paraguassu materializou o arquivo emocional itaitubense ao criar a Sala Sacra FREI PAULO ZODERER. Quem passar por aqui, poderá viajar no tempo ao reencontrar imagens e textos de vários fatos relacionados ao nosso templo, desde seus primeiros professores, do próprio Ginásio Santana, de objetos sacros representativos da Fé popular, histórico do Apostolado da Oração bem como visualizar em fotos, todas as outras igrejinhas e capelas existentes na região de abrangência da Prelazia de Itaituba .
Abaixo , registramos um pouco mais do que temos em nossa Sala Sacra
Histórico
da Matriz de Itaituba
Tombo
da Paróquia – 1941 a 1944
Matriz
consta que foi fundada ou iniciada a construção da nova igreja em 1950, tendo
por padroeira, Nossa Senhora da Conceição. A construção era na primeira planta
de uma torre na entrada principal custou no correr de três anos oito contos de
reis com o que conseguiram levantar as paredes até três metros de altura.
Conforme o primeiro plano a igreja media 10 metros de frente e 22 metros de
fundo. Talvez em 1860 foi modificada a planta para serem duas torres e duas
sacristias. Em redor da 1ª construção levantaram novas paredes e levantamente
com intervalos continuou a construção até o ano de 1910. Até então a igreja
tinha uma altura de 11 metros, pronta para receber as telhas.
O R.P.
Frei Capistrano, O.F.M, então vigário cooperador mandou rasgar a parede do fundo
e levantou a capela mor desta forma aumentou-se a igreja mais 06 metros.
Trabalhou durante dois anos e já tinha todo o material para a cobertura da
igreja, aconteceu, porém que no barracão do material morreu o Secretário da
Prefeitura José Pedro da Silva Viana, mandou tocar fogo no barracão e assim
queimou tudo. Somente alguns trilhos de aço ficaram intactos, ficando tudo
parado na construção da igreja até o ano de 1941. Não se sabe quando e como
mudou-se o titulo da Igreja Paroquial de Itaituba de Nossa Senhora da Conceição
para Nossa Senhora Sant ‘ Ana.
Construção
da Matriz em 1941.
Na
festa da Padroeira de Itaituba, Nossa Senhora Sant’ Ana, no dia 26 de julho de
1941, o vigário P. Frei Pio Johannliweling O.F.M, presente, vendo as ruínas da
Igreja MATRIZ reuniu as pessoas mais destacadas de Itaituba e organizou uma
diretoria para continuar a construção da matriz. A diretoria foi composta por:
Sr. Benedito Correa de Souza, Coletor Estadual, Presidente; Sr. José Elias
comerciante, tesoureiro; Sr. José Salomão Bemerguy, comerciante, foi
encarregado com a construção como Diretor, O R.O. Edmundo Bonkosch O.F.M.
Vigário cooperador da Paróquia.
Como
havia um saldo da festa desde o ano de aproximadamente de três contos e o Sr.
Artur Mendes, Prefeito Municipal prometera um auxilio por parte da prefeitura
de três contos, aliás um dever por causa do grande prejuízo causado pela
queimação do barracão de material da matriz em 1913 pelo então Secretário da
Prefeitura, se fez logo naquela reunião a encomenda. A madeira foi contratada
com o Sr. Artur Cândido, morador do Cury, o orçamento da madeira foram 5
contos.
Nos
primeiros dias do mês de dezembro de 1941, seguiram pela lancha, Itaituba um
pedreiro e um servente de Santarém pois em Itaituba não se encontram operários
oficiais para construção.
No dia
16 de dezembro foram cortados os primeiros paus para o andaime. Em fim de
dezembro estava pronto o oitão da frente. Por falta de madeira ficou parado o
serviço até o fim de março de 1942, quando chegou um carpinteiro para
aproveitar o vigamento.
Inauguração
– 26 de julho de 1942 aos 22 de abril de 1942 estava coberta a capela mor e até
o dia da festa da Padroeira, também estava pronto o corpo da igreja. Para este
dia 26 de julho de 1942. Compareceu o Exmo. Revmo. Monsenhor Anselmo Fietrulla
O.F.M. Administrador Apostólico da Prelazia de Santarém afim de inaugurar a
nova igreja, cumpriu-se assim a promessa feita no mesmo dia do ano anterior
pelo povo, graças a proteção Divina, extremos e admiráveis esforços do R.P.Frei
Edmundo Saristias, em novembro começou o levantamento das torres. Em fim de
janeiro de 1943 estavam prontas as torres para cobrir, por causa de muitas
chuvas porém, se fez primeiro o emboléo das paredes por dentro.
Enfim
no dia 17 de abril de 1943, subiram as cruzes prontas, final das torres. Foi
colocado um pararaio de metal niquelado, da ponta da cruz até o solo, cada
torre mede 26 metros de altura.
Em
seguida trabalhou-se no reboco por fora da igreja, colocando ao mesmo tempo as
calhas. É digno, colocando ao mesmo tempo as calhas. É digno de mencionar aqui
o serviço do funileiro, Sr. Zacarias Lobato, que fez todo o serviço
gratuitamente.
Trabalhou-se
até o dia 28 de outubro de 1943, quando ficou quase tudo rebocado menos pequena
parte do lado direito, serviço de 3 dias para um pedreiro, quando veio a
noticia, que o Paróquia de Itaituba foi entregue a província do Sagrado Coração
de Jesus, Chicago...
Benfeitores.
Algumas
palavras sobre as pessoas que merecem ser citadas neste livro. Em 1º lugar e
com profunda gratidão: o Sr. José Salomão, Elias e sua esposa Dona Maria Macedo
Elias. Desde longos anos os R. Padres acharam durante os seus trabalhos
apostólicos, no lugar carinhoso hospedagem, durante todo tempo da construção da
igreja. Dia 16 de Dezembro de 1941 até o dia 30 de outubro de 1943 hospedava o
Padre Frei Edmundo F. M, tratando do Padre como pertencente a família sem
querer aceitar qualquer remuneração. Como tesoureiro da diretoria o Sr. José
Salomão e Elias prestou um bem estimável serviço na administração da
construção. Fazemos votos que Deus bondoso recompense tal caridade e interesse!
Em
seguido lugar o Sr. Benedito Corrêa de Souza, digno coletor Estadual, como um
verdadeiro franciscano esmolava para a construção da igreja, fazendo-lhe os
mesmos votos.
O Sr.
José Paiva chamava os rapazes para auxiliar no serviço o Sr. Salomão Bemerguy
“ZIzi” sócio da firma Bentes e irmãos, mandou muitas vezes por conta dele 4 até
8 rapazes para levantar vigas e fazer outro serviço pesado, fazemos votos.
O
maior benfeitor era Sr. Isaac Bentes, filho de Itaituba morador em Belém, perto
de 80 contos em dinheiro e material forneceu para a Matriz de Itaituba...
Queira Deus retribuir este grande benfeitor seus esforços empregados para
grandiosa obra da Matriz Itaituba de que fazemos preces a Nosso Senhor e votos
sinceros.
Também
o povo em geral merece todo o nosso louvor com ajuda dos donativos e mesmo
trabalho edificante carregando nos ombros tijolos telhas e outros material da
beira até a Matriz de sua padroeira Nossa Senhora Sant’Ana.
Da
província de Santo Antonio do Brasil, trabalharam no período de 1907 até 1943
os Padres Franciscanos na cura das almas: R.P. Frei Luiz Wand, R.P. Frei Hugo
Menes, R.P.Frei Plácio Tolle, Frei Cherubim Mones, R.P. Frei Rafael Quante,
R.P. Frei Aloisio Walter e R.P. Frei Capistrano.
Em 01
de janeiro de 1944 a Paróquia de Itaituba ficou entregue aos R.P. Padres
Franciscanos da Província do Sagrado Coração de Jesus Chicago. América do Norte
(Frei Pio Johannliweling O.F.M.).
Desde
janeiro de 1944 que os Padres da Província do Sagrado Coração de Jesus
começaram a visitar Itaituba. R.P. Frei Tiago Ryan, O.F.M. foi nomeado como
vigário, mora em Fordilândia, juntamente com os R.P. Frei Junipero Freitag,
Frei Otimar Rollman e Frei Tadeu Prost, os quais faziam as referidas visitas.
O
trabalho continuou na igreja de Itaituba mais lentamente do que antes em
virtude da impossibilidade de ficar o Padre no lugar. A capela modificou
preparada para os festejos da Sant’Ana um altar foi instalado, e pela primeira vez
foi festejada na igreja a Padroeira deste lugar...
No
dia 17 de março de 1944, o Bispo D. Tiago Ryan chegou pela primeira vez em
Itaituba.
No
dia 02 de outubro de 1988 chegou a Itaituba o Bispo Don Capistrano, chegou em
Itaituba e foi muito bem recebido pela população, e até hoje vem desenvolvendo
sua atividade celebrando missa, sacramentos, de crisma em toda a área que é de
sua responsabilidade, visitando as comunidades indígenas e outros municípios. A
prelazia de Itaituba é composta pelas paróquias de Sant’Ana, Bom Remédio e 16
capelas distribuídas na zona urbana, e também as capelas da zona rural.
No
final do ano de 1988, o vigário Frei Paulo Zoderer. O.F.M. chegou a nossa
cidade e passou a ser vigário geral da paróquia. E tenha como objetivo realizar
um grande trabalho de evangelização em nosso município.
Realizou
um grande trabalho frente a prelazia: realizou a ampliação da Igreja Matriz no
final do ano de 2000, aumentando o espaço físico da Igreja com a finalidade de
acomodar mais fieis. Essa ampliação custou a importância de R$ 130 mil reais.
No
inicio do ano de 2001 a igreja passou a comportar cerca de 520 fiéis sentados.
No
dia 11 de fevereiro de 2002, faleceu Frei Paulo Zoderer O.F.M. Pároco da
Prelazia de Sant’Ana, foi o vigário geral da prelazia a partir do ano de
1988.Franciscano incansável, apesar das enfermidades, não demonstrava cansaço e
estava sempre alegre a sorrir pronto a servir a todos em sua missão, partiu
deixando a todos muitas saudades.
Já
no ano de 2003 com o objetivo de restaurar as formas originais da igreja, o
Conselho Comunitário formado pelo Presidente Antonio Santana, professora
Antonieta Assunção Lima, na administração do pároco Frei Roberto Mizicko, que
ficou no lugar do Frei Paulo que faleceu no dia 11 de fevereiro de 2001.
Decidiram realizar reforma na parte externa da igreja, esta obra foi avaliada
parte externa da igreja, esta obra foi avaliada em 80 mil reais, e irá salvar
as torres e parte frontal da igreja, a reforma não podia ser mais adiada,
motivo estarem ficando comprometidas por causa de infiltrações de água nas
rachaduras. Antes do inicio da construção o Conselho contratou um fotografo
para registrar todos os detalhes de arquitetura das torres, essa preocupação é
para que não seja alterado as formas originais. Foi também trocado todo o
telhado que encontrava-se bastante danificado, ficando assim as despesas total,
de 103,000 mil reais.
Texto e edição geral por Fátima do Socorro Gomes Costa - Turismóloga atuante no Museu desde Setembro 2019
PESQUISAS DE DADOS HISTÓRICOS E FOTOS DA SALA CEDIDAS DO ARQUIVO DO PRÓPRIO MUSEU
FOTOS DO INTERIOR DA CATEDRAL CEDIDAS PELA SACRISTÃ FRANCY E AS DEMAIS FOTOS FORAM CEDIDAS POR LUIZ HENRIQUE MACEDO DOS SANTOS